A época de 2008 da Scuderia Toro Rosso teve um travo hollywoodesco, parecendo quase que o final de uma saga sobre o sonho americano. É que no fundo estamos a falar da estrutura que antigamente era a saudosa e tesa Scuderia Minardi, grandes sobreviventes do pelotao da F1 de 1985 a 2005. A própria Toro Rosso não deixa de ser, em certa medida, um "patinho feio" já que recebe tudo da casa-mãe e quase que não tem autonomia técnica para poder tentar arranjar mais uns "pózinhos" de velocidade e adaptar melhor um chassis pensado para um motor diferente, com a agravante de estar localizada num país diferente.
Estes são os contras. Mas são os prós que fizeram a diferença na época passada. Na direcção desportiva da equipa estavam Gerhard Berger e Franz Tost, dois homens com anos e anos de automobilismo e com a veia realista germânica. Dentro desse mesmo realismo tivemos Giorgio Ascanelli, o direcor técnico, que não podendo ser uma figura na linha de um Newey, Costa ou Gascoyne, i.e., com grandes respinsabilidades na delineação do projeco do chassis, fez aquilo que sabe melhor e que o pôs a trabalhar com Senna na Mclaren, a melhor organização possível no terreno. E, "last but not the least", tivemos aquele de quem os espectadores mais se lembram, o "wunderkind" alemão, Sebastian Vettel.
O jovem alemão, que teve uma ascenção meteórica até à F1, contando com o beneplácito da Red Bull e da BMW, já tinha mostrado ter um talento acima da média, e esta época tivemos a confirmação desse facto. Não obstante um arranque difícil de época, com 4 abandonos e 3 deles devido a colisão sem culpa própria, assim que se encontrou no caminho certo, Vettel tornou-se no melhor piloto entre os utulizadores do chassis RB4/STR3, pontuando logo na estreia (Mónaco) da variante italiana. A partir daí pontuou em quase todas as corridas, o que para o staff da equipa era algo de que nunca tinham ouvido falar...
E claro está que o ponto alto foi em Monza. No país da equipa, com um motor Ferrari como unidade motriz, Vettel demonstrou uma frieza de campeão perante as encharcadas rectas do Autodrmo Nazionale (fenómeno raro), aproveitando ao máximo as condições molhadas da qualificação para conquistar a sua, e da equipa, primeira pole-position. Chegado à corrida, dominou-a de fio a pavio, fazendo valer ao máximo a vantagem de não ter de levar com o spray da concorrência. No final não acredito que não tenha havido um único adepto que não tivesse esboçado um sorriso perante o feito e a imagem daquele jovem esfusiante e de uma turba de mecânicos delirantes com algo que nem sonhavam. E aqui deve ter contado e muito o savoir-faire de Berger e Ascanelli...
Depois deste discurso todo, quase que parece que a Toro Rosso só teve um piloto. Não é verdade, claro, já que Sebastien Bourdais compareceu em todos os GP's ao volante dos STR2B e STR3. Mas para quem vinha com um título de F3 francesa, um título de F3000 e 4 títulos da antiga CART Series, o que o nativo de Le Mans fez foi um pouco decepcionante, mais a mais, na época em que os controlos de tracção foram eliminados, e vindo de um campeonato em que os carros tinham muitíssimo mais mecânica que electrónica, o bom do Sebastien era aquele que mais se via a fazer incursões às escapatórias das mais variadas curvas. mas convenhamos que muitas vezes também parecia por lá andar o azar, como foi o caso em Monza, onde iria partir de uma 4º posição da grelha e viu-se obrigado a começar das boxes...
Para 2009:
A Red Bull Racing não deve ter achado muita piada ao facto da sua subsidiária transalpina ter ficado à sua frente, tratando desde logo de ir buscar Vettel para o lugar do retirado Coulthard. E como sempre, o chassis novo da Toro Rosso só virá algum tempo depois da estreia do RB5.
No que diz respeito a pilotos, o único confirmado para já é o estreante suíço Sebastien Buemi, piloto da cantera da Red Bull e que no ano passado andava pela GP2, onde conseguiu resultados interessantes mas não mostrou que merecesse já esta subida ao escalão máximo do automobilismo de pista, juntando-se a isto o facto de ser um piloto temperamental, capaz da performance mais veloz, como da depressão mais profunda. Para o segundo carro, ainda existem algumas dúvida$, pois a necessidade de complementar budget pode influenciar a escolha. Actualmente o candidato mais forte é Bourdais, para que possa haver alguma continuidade na evolução da equipa. Mas em liça também está Takuma Sato, que muito boa conta deu ao volante de um STR nos testes do Outono, mas que terá de trazer alguns ienes, não obstante a sua inegável rapidez e há quem diga também que a Red Bull estaria interessada em Jenson Button, caso a antiga Honda F1 feche mesmo as portas.
Por falar em fechar portas, a Toro Rosso terá de fazer um ano mais ou menos ao nível de 2008, sob pena de Dietrich Mateschitz não vender a equipa ou mesmo fechar as suas portas. Isso seria doloroso. Afinal de contas, aqueles são os moços da Minardi!
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