A temporada de 2007 tinha-se revelado bastante madrasta para a Honda, sobretudo se analisarmos que a marca japonesa tinha conquistado em 2006 a sua primeira vitoria desde que tinha regressado à F1. O RA107 tinha-se revelado um autêntico pesadelo, só pontuando por 3 vezes e ficando à frente no final da Super Aguri e da Spyker. E para mais ainda, tinha sido um ano de maior despesa por parte do construtor japonês, com a adopção do programa "My earth dreams", com o carro a ficar com uma decoração horrível mostrando o planeta Terra, ao mesmo tempo que ia enviando mais quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera.
2008 teria que ser uma época de redenção. Para tal, a Honda manteve a mesma dupla de pilotos e foi contratar Ross Brawn para o cargo de Director Técnico com poderes alargados quase à área desportiva, até porque a gestão de Nick Fry ia sendo cada vez mais criticada. O programa ecológico manteve-se, mas desta feita os carros tinham um layout menos ostensivo.
E depois dos primeiros GP's, chegou-se a uma conclusão: o RA108 afinal era uma m****. Barrichello lá se esforçava, chegando aos pontos no Mónaco graças à sua habilidade na chuva, fazendo também 3º lugar em Silverstone, também por "culpa" das condições atmosféricas e da orquestração estratégica de Ross Brawn. Mas o brasileiro, mesmo dando na pá de um Button completamente amorfo, já mostrava sinais de querer esticar a sua longa presença na F1, sendo a sua velocidade mais um exemplo de desespero do que real manutenção de características de há 10 anos atrás.
O carro, por mais que lhe mexessem, não dava sinais de querer evoluir, com a equipa a eclipsar-se compeltamente na segunda metade da época, com todos concentrados no carro de 2009, ficando só mesmo à frente dos Force India. A Honda nesta altura estava a bater ainda mais fundo do que em 2007.
Findo o campeonato, depressa entraram em testes, começando até um shoot-out entre os brasileiros, vindos da GP2, Bruno Senna e Lucas di Grassi, com vista a um deles ficar com o lugar de Barrichello. Sangue novo mais um carro que se adivinhava promissor, a julgar pelas palavras de Ross Brawn, juntando-se a isso a chegada de patrocinadores importantes (Petrobrás, Emirates, etc.) faziam adivinhar que a próxima época seria algo de mais positiva para a escuderia anglo-nipónica.
Contudo, a casa-mãe, em face da crise mundial, e não tendo a mesma magnitude de outros construtores presentes no Mundial de F1, decidiu unilateralmente retirar a equipa do Mundial. Em parte, foi a mesma casa-mãe culpada desse facto depois de ter gasto dinheiro com a extravagância de criar e manter a Super Aguri só para dar um volante a Takuma Sato e o programa "My earth dreams", custoso e hipócrito como foi bem visto. Junte-se a isso uma gestão desportiva que nunca foi algo de especial, pois Nick Fry e Gil de Ferran pouco ou nada fizeram para uma melhor dinamica interna da equipa, deixando fugir designers como Geoff Willys e não fazendo pressão para que a casa-mãe tivesse menos influência, o que foi sempre um factor negativo no funcionamento da equipa sediada em Brackley, como se pode atestar pelo facto da direcção técnica ter sido entregue durante muito tempo a Shuei Nakamoto, homem sem estaleca para o que a F1 exige.
Pode ser que algum grupo árabe compre os restos e inscreva a equipa no próximo mundial. Eu torço para isso, para que assim as grelhas de partida não fiquem demasiado paupérrimas. E pelo Ross Brawn, que deu-me muitas alegrias durante muitos anos.
1 comentário:
Bravo! Isto é que é uma bela descrição sobre o que foi a temporada de Formula 1 deste ano. Concordo plenamente com o que dizes.
Aliás, ontem até li uma declaração (em off) de Fukui-san, o CEO da Honda: "era uma equipa inglesa, com membros ingleses". Em suma, a casa-mãe só lhes dava o dinheiro.
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