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segunda-feira, agosto 10, 2009

My Bloody Valentine e o Rock One - A rant



Este ano tem estado fraco a nível de concertos,no que diz respeito à minha pessoa. Não é que não venham bons nomes a Portugal, que de facto têm vindo, mas o crescer das despesas e um tempo cada vez mais curto faz com que as idas a (no mínimo) Lisboa para concertos estejam mais apertadas.
Claro que com a cada vez maior aposta no sector dos eventos aqui no Algarve, já se vai tendo oportunidade de espreitar um ou outro nome de jeito aqui na região. Claro que estamos falando de eventos e não cultura, logo muito coisinha burguesa e sem piada vem junto, mas sempre temos bons exemplos como é o caso do Festival MED de Loulé, onde tive a oportunidade de ver um brutal concerto da maliana Rokia Traoré.
Claro que isso sempre leva a que outros aproveitem para ordenhar uma vaca que já está a ser desleitada. Foi o caso do pessoal da Parkalgar e da Ritmos & Blues que além de acrescentar mais um evento, foram logo fazer um festival de música "rock", mais para mais no mesmo fim-de-semana do Sudoeste, posto oficial de férias para os jovens sem dinheiro abixo do Mondego.
Observar a programação do festival fazia antever o desastre. Ora vede:
  • O cartaz estava repleto de bandas portuguesas (só no dia da Ana Free é que esteve presente somente um "portuguese act"), o que revela o factor "última da hora" para conseguir bandas estrangeiras
  • Onde estiveram os ditos DJ's internacionais?
  • Incoerência estílistica no que diz respeito ao terceiro dia, mais próprio para um espaço fechado e com conforto para o público potencial, que nem de longe eram os putos que foram acampar no cimento e asfalto do paddock, sem direito a sombra. Bjorn Again num festival rock? Quem era o organizador? O La Féria?
  • Continuando no mesmo assunto, meter uma banda primordial na cena indie do final dos anos 80 e respectivas consequências encafifada entre Tara Perdida e Offspring, é quase um convite a que o Kevin Shields e sus amigos não voltem a Portugal. Os putos dos suburbios algarvios que lá estavam para ver o panqueroque (coitados, se ouvirem Ramones, hão-de falar mal...) não faziam puto de ideia (e 75% não parecia ter inteligência para) do que se estava a passar.
  • O Autódromo Internacional do Algarve é uma grande infra-estrutura, já aqui elogiada neste blog e à qual faço questão de ir sempre que há provas de automobilismo (só ainda falhei a ronda do PTCC em maio). Esta excelencia não faz com que ainda assim seja uma boa localização para um festival rock. É que todo aquele asfalto lisinho e novo do paddock, delitimitado pela extensa linha das boxes de um lado e pelo muro que sustem a cota mais alta do traçado torna o espaço um pouco acéptico para a sagração musical.
  • O aburguesamento de algumas iniciativas como o Champagne Lounge ou o patrocínio da Rádio Comercial faziam ver que de rock este festival só tinha alguns putos que compraram o bilhete de 4 dias (mas que também não passam dos Linkin Park e dos Offspring)
  • Um conselho: Se é para manter o Festival, arranjem outra data que não seja coincidente com os bons e verdadeiros festivais de verão (Paredes de Coura, Alive!, Sudoeste, Festival de Músicas do Mundo em Sines e Super Rock), arranjem novo promotor (a Ritmos & Blues só serve mesmo para organizar concertos para betos e tóininhos), pode ser que a Everything is New dê uma ajuda (a Música no Coração já tem verão que chegue). Aliás, se quisessem ser mesmo inovadores, faziam o Festival nas férias de Natal. Bem marketizado e programado, resultava
No que diz respeito aos My Bloody Valentine (MBV), a única razão para eu me ter deslocado ao Rock One, cumpriram completamente as minhas expectativas. Linhas melódicas apresentadas em forma de distorção, uma espécie de Cocteau Twins esquizofrénicos, os MBV começaram com 40 minutos de atraso em relação ao previsto. Previamente, tinham sido entregues tampões para os ouvidos à entrada do recinto, cortesia da banda irlandesa, fruto das primeiras reacções aos concertos de reunião, com muitas queixas a nível dos ouvidos por parte dos fãs. E o soundcheck mostrou bem isso, com os gunas todos a ficarem todos logo de pé atrás, quando afinavam a guitarra do Kevin Shields...
Quase mudos e calados, surgiram em palco e atacaram placidamente os seus instrumentos, o que levou logo os putos a arrepiarem os cabelos. Todo o concerto foi no mesmo tom, com clássicos como "Soon", "Slow", "Only shallow" (aqui a parte instrumental entre lyrics), "Thorn" ou "You made me realise", a última e definitiva canção, em que o Kevin Shields retribuiu os manguitos e lenços brancos, com 12 minutos de distorção pura e em altos berros. Noutra altura teria achado a mais, mas diverti-me a valer com os putos e matarruanos todos a já não terem força para erguerem os braços e esticar o dedo do meio! E só usei os "ear plugs" nas primeiras duas canções!
Enfim, um momento musical memorável, ao qual tenho de agradecer à Ana Marta, que ofertou as entradas para mim e para o meu irmão. A ela dedico-lhe uma das distorções polidas pela voz da Bilinda Butcher como que ao longe, mas a ser performada à vista de todos. Muito obrigado!

P.S. - Os MBV num outro concerto ao vivo. Os putos pelos vistos guardaram os telemóveis para os Offspring...

2 comentários:

Dario Pereira disse...

Boas!

Antes de mais parabens pelo blog!

Sou do Algarve, bastante fã de Linkin park e Offspring duas das minhas bandas preferidas e que me tem acompanhado (mais Offspring) ao longo da vida desde o velhinho Smash ate aos dias de hoje...

Em relação ao comentario, concordo com o que dizes a nivel da organização do Rock One... realmente esperava muito mais daquele que para mim poderia ser uma mais valia para o verão algarvio, fiquei bastante desapontado, pois esperava melhores bandas (excluindo LP e OffSpring), mas tenho k salientar a actuação dos James que foi excelente, embora a maior parte dos ouvintes comenta-se: -"...quem são estes gajos...???" Enfim so por ai vemos que há muito que fazer no algarve em termos de "educação musical e cultural" pois não admito a niguem da faixa dos 25 para cima que não conheça uma banda como James... assim como alguns podem falar de mim que não conhecia MBV...

Antes do Festival muito li sobre o acontecimento e das bandas que não conhecia, tambem por não ter o tempo que desejava para me auto cultivar musicalmente, e pela critica fiquei muito curioso em ver My Bloody Valentine...

Antes de mais, quero deixar acente que tentei gostar da sonoridade...embora fosse dificil pois se repararam os microfones dos vocalistas estavam quase ou completamente desligados...ora...para mim musica tem que conter voz...é um gosto pessoal digamos assim... logo ao final da 2 musica fui embora pois tambem me sentia incomodado com o "volume excessivo" que no meu entender me era demais... por acaso deram-me uns tampoes mas eu na minha total ignorancia pensei quando mos deram..."bem isto sempre é melhor que perservativos pois assim tapa-se 2 buracos!!!"...enfim...

Agora a minha desilusão em relação aos MBV foi esta...
O ppl não tava a curtir o som...Ok tão no direito deles e de qualquer ouvinte que comprou o seu bilhete...os MBV apenas tinham de ser PROFISSIONAIS ao ponto de darem o seu expectaculo ate ao fim sempre na maior dos prazeres, pois assim como o bloguer foi la para os ouvir assim creio que muitos tenham ido...e tenham detestado os quase 20m de puro RUIDO, pois aquilo não é MUSICA, mas foi sim um atentado a saude publica daqueles que la estavam e que se calhar nem tinham nada a ver com o bando dos putos do moche que tavam a frente e do palco...

Nunca tinha visto uma banda ser "vaidada" de um palco, mas ja viram se o Figo manda-se tudo para o XXralho cada vez qe os gajos do barcelona o assibiavam??? Era no minimo criticado para a vida toda...

Parabens aos OffSpring pelo concerto, um pouco aquem do Rock in Rio, mas tambem no ROCK ONE o que queriam???

Organização do rock one...para a proxima façam as coisas com mais TEMPO e num festival de rock...tragam bandas de ROCK...(BJORN AGAIN??? JAMES MORRISON??? MIA ROSE???? OMFG...) tento rockeiro a tocar em estações de metro com talento dava mais Show!

Abraço.

Bons Posts

Samus Aran disse...

Ás vezes é muito triste ser português...como querem que o público tenha educação e informação se os próprios organizadores não teem a competência e o profissionalismo de organizar um festival com classe. É porque convidar os My Bloody Valentine é um acto de bravura, e tê-los em palco um previlégio. Mas no nosso país, é a mesma coisa do que ter o Marante na Praça d'Alegria. Os 20 minutos de ruido que o Sr. Dario descreve como não-profissionalismo, fazem parte do concerto e sonoridade nos MBV, pesquise no youtube...O último album dos MBV, Loveless de 1991 é considerado pelo respeitado Pitchfork como o segundo melhor album dos anos 90...de uma DÉCADA...

Mas no Rock One são tratados como um aperitivo para os genéricos Offspring, que tiveram os seus dias se punkrockers underground e one hit MTV wonder, e como todas as bandas punkrock, tiveram direito a sua extrema unção musical e merecida, não fossem eles parte daquela elite a quem podemos chamar o Cannon Fodder musical.

Mas devemos culpabilizar o público do Rock One pelo extremo desrespeito que tiveram pela melhor banda que provavelmente já pisou e irá pisar solo algarvio durante os próximos anos (longos anos, provavelmente)? Não, os principais culpados são a organização. Vergonhosa, incompetente, inútil, débil e fútil.

Sinto uma tristeza imensa, porque provavelmente, MBV não irá pisar solo portugues durante longos anos...e para quem sabe, MBV voltaram a reunir-se após cerca de 15 anos de termino, intactos...que privilégio tiveram Algarve.


Não aguento, vou ter de descer um pouco de nível, a barbárie é demasiada: público portugues, público do Rock One, sois um bando de gralhas esfomeadas, de ovelhas assadas de tanto amor paternal recebido pelo vosso bestialista pastor. Gostaram de ouvir Offspring, abanaram o capacete foi, foi curtido? Foi buéda fixe e ri-fixe e coisas bonitas com folhos cor-de-rosa? Pois ainda bem que sois um povo feliz.

Como se costuma dizer, ainda temos que comer muito bife...

Desalento...