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sexta-feira, janeiro 04, 2008

Estará o Dakar perdido no deserto?


Desde que o Schumacher partiu o motor no GP de Japão de 2006 que eu não ficava com uma neura (motivada pelo automobilismo) durante o resto do dia. Assim tipo taxista quando o Benfica perde.

Mas desta vez o motivo é bem mais sério até porque há duas grandes conclusões que emanam desta decisão histórica da ASO:

1º - Já nem o desporto escapa à febre do terrorismo islamita actual. Eventos desportivos de magnitude do Dakar vergaram-se às ameaças de um grupelho ligado à Al-Qaeda. Saliente-se que a Al-Qaeda é uma rede de grupos terroristas. Assim que as autoridades o queiram, puderão proceder ao desmantelemento da tal frente islâmica que motivou isto tudo. Basta haver interesse e coragem por parte dos governos locais, pois as grandes potências não sabem como agir em território estranho (veja-se o que os yanks estão a passar no Iraque). O que se passou aqui foi que um grupo que anda a clamar por um estado islamico na Argélia pararam uma iniciativa internacional na Mauritânia, quiçá a única coisa que põe a Mauritânia no mapa (alguém ouve falar mais da Mauritânia no resto do ano?). Os Pajero Evo e Race Touaregs com GPS's e Iritracks foram parados por Toyota's Hil-Lux's a cair de podrres com Kalashnikov's lá dentro.

2º - A atitude da organização é mais do que desculpável, pois com a segurança dos concorrentes não se brinca, mas não terá sido aberto um precedente gravoso? Afinal de contas, toda uma série de grupitos do género têm deixado a sua marca nas várias edições do Dakar. Foi graças ao Dakar que ouvi falar da causa Touareg ou dos problemas do Saara Ocidental, por exemplo. Ataques houve em que chegaram mesmo a vitimar um camionista da equipa oficial da Citroen nos anos 90, o jipe de assitência de Elisabete Jacinto que pisou uma mina, resultando na amputação do pé de José Ribeiro, ou a anulação de etapas por medo de reprásilas (como foi o caso no ano passado no Mali). No entanto o rali sempre seguiu o seu caminho. Thierry Sabine à partida da primeira edição, há 30 anos, disse aos concorrentes que eventualmente poderiam morrer. De certeza que esta era uma das formas de perigo mortal em que Sabine pensava quando proferiu a célebre afirmação. Ao cancelar o evento, a ASO retira muita da aura de aventura da prova, quase transformando-a naquilo que os seus detractores a apelidam, uma mera distracção para ocidentais com dinheiro e sem consciência do que lhes rodeia. Parece começar a haver uma asseptização da grande prova.

A ASO diz que o rali não acaba e que para o ano será realizado, muito possivelemnte dentro de novos moldes. Se porventura tirarem o percurso de descida do magreb até ao Mali/Burkina/Senegal, se não contemplarem de todo o Sahara mauritano/argelino, então a prova que se irá assistir poderá ser o rali mais duro do mundo, mas não será o Dakar. A Prova terá de sempre ter como partida ou chegada Paris e /ou Dakar. Sem isso, acabou-se o sonho de Thierry Sabine (que morreu por ele).

Uma última palavra para o governo francês. Tendo em conta o historial da prova, talvez o Serviços Secretos não tenham sabido avaliar bem o que se lhes deparou pela frente, julgando ser algum grande movimento de massas ou algo do género. Se o governo mauritano diz que punha 2000 soldados a guardar a prova, caso houvesse problema, seria entre os militares e os meninos rabinos. O problema é que a França desde as ultimas eleições tem uma direcção demagógica e o senhor Sarkozy deve estar a querer a andar o ami américain, algo que o antecessor Chirac não tinha feito. Nada como provocar medo e falatório. Que é outra forma de terrorismo. Ainda por cima dirigida a nós.

Espero que para o ano volte a estar a contar os dias para eles virem a Portimão. Espero bem que sim.

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