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quinta-feira, dezembro 27, 2007

Benazir Bhutto, 1953-2007


O assassinato da antiga primeira-ministra do Paquistão vem revelar que o mundo, pelo menos nas imediações de Meca, está num desalinho tal que os povos que lá vivem vão continuar a viver desgraçadamente. O que me fez despoletar esta básica conclusão, além do brutal acto que foi a liquidação de Bhutto, foram as declarações do presidente Musharraf, que chegou ao cadeirão do poder através de um golpe de Estado, a culpar terroristas pelo que sucedeu hoje.
Então vejamos: renitentemente, Musharraf, para diluír a pressão popular que o atacava devido à cooperação com os EUA na "luta anti-terrorista", vê-se obrigado a autorizar o regresso de duas figuras que, mal ou bem, tinham sido cabeças de Estado sufragdas pelo povo paquistanês, Nawaz Sharif e Benazir Bhutto. A mártir da democracia mal chegou ao país escapou a um atentado à sua pessoa. Hoje já não o conseguiu. E Nawaz Sharif já disse que o seu partido vai boicotar as eleições.
Tendo em conta a forte carga popular que quer Bhutto, quer Sharif detinham, Musharraf teve de puxar dos seus cordelinhos para que eles ficassem fora da fotografia. Com a agravente que o amigo americano não se importaria nada de fazer negócio com os dois visados, logo Bhutto que tinha recebido a sua educação em Inglaterra e nos EUA.
O que assistimos hoje foi a uma cobarde e deplorável tentativa de ficar agarrado ao poder por parte de Pervez Musharraf. Falar de terroristas quando a base popular de Benazir Bhutto era extramamente lata? Ou seria maneira de pedir algo aos EUA, para que não o esquecessem?

Benazir fica assim para sempre como uma mártir, ela que já era uma imagem marcante no ocidente, ao diluír o estereótipo da masculinização do poder nos estados de fé islâmica, quando assume, por duas vezes, o cargo de primeira-ministra. um pouco por herança do pai é certo, mas o Partido do Povo não se deu ao trabalho de procurar sobrinhos de Ali Bhutto, pois não? A sua imagem de emancipação terá sido uma das grandes pontes entre ocidente e oriente nos finais dos anos 80 e início dos anos 90. Foi pena que tenha sido um senhor que parece ter capachinho e bastante habilitável a ser caricaturado no "Goodness Gracious Me" tenha mando a ponte abaixo.

Nós aqui no ocidente não nos esqueceremos de si, senhora Bhutto.

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